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Reciprocidade

Como seria se tudo fosse diferente?
Um mundo vazio de gente,
Um mundo alegre e contente.
Como seria se nada fosse igual?
Se a bondade fosse banal,
Sem causar dor fisica ou mental.
Como seria se fosses tu e não eu,
Se tivesses o que é meu
E me desses o que é teu?
Se visses pelos meus olhos
Tudo o que eu já vi,
Vivesses o que eu vivi,
Sofresses o que eu já sofri.

Se deres sem receber e receberes sem pedir, fechas-te um ciclo onde poucos entram mas de onde ninguém quer sair.

Silêncio

Silêncio é raro, simbólico,
amigo omnipresente,
companheiro no ruído
criado fora da minha mente.
Sensível, sincero,
nunca aponta o dedo,
recosta-se no meu ombro
encobre todo o meu medo.
Sem palavra ele diz tudo,
sem gesto abre o caminho,
sem estar perto nem longe
não me deixa estar sozinho.
Se estás aí sei que me escutas,
Sei que sabes onde estou
eu também te ouço...
...shhiu...o Silêncio falou...
.............................................
...Quando o Mundo se cala
o Silêncio fala...
...e mesmo que não entendas....
..se escutares talvez aprendas...

Equilíbrium

Nos dois lados da balança,
Nos dois extremos do horizonte,
Morte na ponta de uma chama
Vida na água de uma fonte.
Paralelos, paradoxos,
Opostos sem conexão,
Pontas soltas da mesma linha
Que não têm ligação.
Não há verdade sem mentira
Nem noite sem haver dia,
Se o bem não existisse
O mal não existiria.
Não haveria prazer
Se algures não houvesse dor,
Se não soubéssemos sofrer
Jamais daríamos amor.

Os opostos não se reflectem
Não se tocam, não chegam perto,
Mas não existem um sem o outro
Pois nenhum estaria completo.
A Lei que rege a perfeição,
É imperfeita, desafinada:
Do nada se cria tudo
E tudo se torna em nada.

Nos dois lados da balança
Dois pesos presos por um fio
Balanceiam inconstantes
Procurando o Equilíbrio.
Nunca estaremos sempre bem
E nem sempre estamos mal,
Olhando duas vezes o céu
Não o veremos igual.
A linha que define a vida
É mutável, insegura,
Se há algo que nos ensina
É que nem a própria vida dura.
Olha para trás, vê os altos
E baixos que a linha tem,
Se o Equilíbrio reinar
Alegra-te, vives-te bem.

Mãe

De sol a sol sem descanso,
Sem queixas ou lamentos,
Sozinha, sem companhia,
Somente os seus pensamentos.
Altruísta sem rancores,
Jamais conta o quanto dá.
Esconde as lágrimas e dores
Mostra-as quando ninguém está.
Eu sei que choras, eu sei,
Eu sei que sofres e não dizes.
Eu vejo a tua felicidade
Apenas por nos veres felizes.
Sei da dor, sei do amor,
E das noites sem dormir.
Sei do fardo que carregas
Mas que não podes dividir.
Eu sei o quanto me amas
E quero que saibas também,
Que te amo, te admiro,
Que és o meu orgulho Mãe!
Nunca direi que compreendo
Toda a preocupação,
Quando queres os teus filhos
E não sabes onde estão.
É um amor só teu,
Só tu o podes sentir,
Só tu choras quando eu choro
E sorris quando me vês sorrir.
Só tu sabes a dor que sentes
Quando o nosso coração dói,
As rugas que tens no rosto
Provam que ela não mata mas mói.
Não penses que não te ouço
Quando julgas que não ligo,
Os conselhos que me dás
Carrego-os sempre comigo,
E estás no meu peito,
Não importa para onde ele vai.
Nunca esquecerei o que me ensinas...
...Um dia também serei Pai.

Saudade

Se a saudade tivesse um sabor seria amarga.Não consigo imaginar outro paladar para tal sentimento quando tudo me sabe a pouco quando não te sinto por perto,tudo é amargo,tal como eu. Se a saudade tivesse cor seria negra, pois a escuridão é tudo o que me rodeia quando não te vejo, nem a ti, porque não estás, nem á saudade que se esconde entre os seus veios negros, devolvendo-me o mesmo olhar com que a fixo, vazio, sem saber bem onde ela está. Se a saudade tivesse cheiro seria nauseabundo, moribundo, assim como eu, assim como me sinto sem ti, sem forças, sem vontade, nem de respirar, nem de saber onde estás, como estás. Se soubesse tais coisas talvez ficasse sem fôlego, e no meu ultimo suspiro traria o cheiro da mesma vontade que julgas que nego... a vontade de te ver, de te ter. Se a saudade pudesse tocar seria um aperto abafado, calado, como aquele aperto que reduz o coracão ao tamanho da minha vontade de viver, e aumenta em proporção a velocidade da minha respiração, da minha angústia, da minha dor. Se a saudade tivesse nome que outro nome poderia ser que não esse? Saudade. De ti. De nós.
Mas a saudade tem sabor, consigo encontrá-lo na tua boca quando te beijo, louco, desesperado por ti. A saudade tem uma cor, ou mil cores que me encandeiam quando te vejo. A saudade tem um cheiro, o cheiro das minha lágrimas quando te espero impaciente... onde estás? A saudade tem um toque, o toque apertado, sufocado, de um abraço sem fim, que grita: "Não vás!". Que pede para ficares. A saudade tem um nome, o teu. Porque de todas as coisas das quais eu tenho saudade, que eu não perdi, que eu não quero perder... de todas as coisas, eu tenho, eu SÓ tenho, saudades de ti. Não vás, fica (só), não me deixes (só), mais um pouco.

Esta saudade mata-me,
Tira-me toda a vontade.
Se estivesse morto e falasse,
Diria que estava morto de saudade...
...vivo mas sem viver.
Morto até te ver.
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